Engenheira Civil na área de Gerenciamento de Obras: Mariana Rafael
- entrevistadoresIFSP
- 3 de ago. de 2021
- 6 min de leitura
Atualizado: 21 de set. de 2021

Aluna da Segunda turma de Engenharia Civil do IFSP Votuporanga, Mariana Rafael (25), nos conta toda sua trajetória desde o ingresso na faculdade até os dias atuais como Engenheira formada.
Veja abaixo todas as perguntas e respostas de nossa entrevista com a Mariana:
Como aluna do IFSP Votuporanga, como foi sua experiência na faculdade, de um modo geral?

Os 5 anos de faculdade foram, sem sombra de dúvidas, os melhores anos da minha vida. Hoje, eu lembro deles com muito carinho e saudades. Foram anos de muito crescimento pessoal, dentro e fora da faculdade. Sair de casa para estudar é uma experiência que todos deveriam ter o privilégio de ter.
É uma forma mais leve de aprender sobre como a vida será quando criarmos total independência, pois temos todos os desafios da vida adulta, mas estamos cercados de amigos e companheiros para pularem as pedras no caminho conosco e nos ajudar a se preparar para quando a caminhada for solo. Se eu precisasse fazer essa escolha novamente, faria outras mil vezes.
Considerando que sua turma causou grande impacto no MEC e no ENADE (nota 5) no câmpus, como este fator contribuiu para a sua carreira?

Na verdade, o impacto é sempre indireto. Porque dificilmente numa entrevista de emprego ou análise de currículos alguém te perguntará sobre isso. Mas, certamente, se a minha turma conseguiu esse resultado, significava que estaríamos preparados quando nos formássemos.
E foi exatamente isso que eu senti quando comecei no mercado de trabalho. A gente sempre sai da faculdade pensando ‘’ meu Deus, eu não sei nada, não aprendi nada, o que eu vou fazer agora que estou sozinha?’’ . E é só quando entramos no mercado que nos damos conta de que estamos sim preparados, e como a nossa formação foi completa e eficiente!
Me deparei com inúmeras situações em que trabalhei com engenheiros mais experientes que eu e que não tinham o respaldo técnico que eu tinha, mesmo recém formada, para fiscalizar a execução de diversos serviços dentro de uma obra. Ou quando recebi projetos estruturais e fui capaz de identificar pontos que estavam fora das normas técnicas.
E esse mérito não é meu, mas daqueles que me formaram. Ou seja, o Instituto te prepara e te prepara muito bem para conseguir exercer a profissão que nós escolhermos.
Você sempre pensou em ser Engenheira Civil? O que te levou a escolher este curso no IFSP?

A engenharia civil foi a minha escolha por pura e simples curiosidade. Eu me lembro de passar em frente as construções quando criança e ficar imaginando como aquilo era executado.
Mas é claro que a minha afinidade com as exatas me deixou mais segura em fazer a escolha no final. Pena que a afinidade parece que evapora logo na nossa primeira aula de cálculo 1.
Já a escolha do IFSP, foi por questões geográficas. Na época eu passei em duas outras universidades federais, uma no Paraná e outra em Minas Gerais, além do IF, porém, para facilitar as viagens de volta para casa, eu escolhi Votuporanga. E hoje tenho certeza que fiz a melhor escolha.
Como foi o início da sua carreira (estágios, ICs e afins)? Qual foi o processo que te levou a sua carreira de trabalho atual?

Desde sempre na faculdade eu tinha uma certeza: meu futuro vai ser na obra! Então, por isso não me envolvi muito com a pesquisa no IFSP.
Meu foco eram em estágios. Porém pelo tamanho da cidade foi muito difícil encontrar um estágio voltado para área de execução de obras, uma vez que em cidades menores, a cultura de contratação de engenheiros civis para acompanhamento de obra é quase inexistente.
Então, o mais perto que cheguei foi no meu estágio na SAEV, no qual consegui acompanhar em alguns momentos criações e manutenções em redes de água e esgoto. Por isso, eu busquei estágios em outras cidades quando estava de férias.
Tive a oportunidade de estagiar em obras residenciais de alto e altíssimo padrão durante as minhas férias por quase todos os anos da faculdade. Na época eu achava que era um pouco de tempo perdido, pois na minha cabeça eu não fazia nada de muito útil, uma vez que o tempo dos estágios eram muitos curtos pois eram apenas no período das férias. Porém, hoje eu agradeço muito por eu não ter desistido dessas oportunidades.
Quando comecei a trabalhar eu já tinha conhecimento de muitos materiais, fornecedores e macetes construtivos que a faculdade não tem tempo de nos passar. Então, para quem ainda está cursando, FAÇAM ESTÁGIOS! É muito mais importante do que parece.
Daqui alguns anos vocês vão agradecer por terem insistido no perrengue que sempre é ser estagiário e vão perceber a importância deles quando estiver implorando por um para o seu chefe. E hoje eu não trabalho na construtora em que fiz os estágios, mas trabalho para a empresa que gerenciava a construtora nas obras em que estagiei.
Então mais um ponto muito importante: networking. Quanto mais pessoas você conhecer e conseguir se relacionar de alguma forma, mais oportunidades você vai encontrar quando precisar.
É de nosso conhecimento que, atualmente, você trabalha com gerenciamento de obras. Pode nos contar um pouco como funciona esta área? Como é seu dia-dia?

Eu faço parte da equipe de engenheiros de campo da empresa em que trabalho, que é uma gerenciadora de obras. Ou seja, eu sou contratada pelo cliente para fiscalizar o serviço da construtora, tanto na parte de qualidade do serviço, quanto na parte financeira do processo.
Então eu acompanho a obra diariamente e faço a emissão de relatórios técnicos que contém pontos que foram ou que estão sendo executados fora dos padrões estabelecidos pelas normas técnicas pela construtora, e demonstro como devem ser executados corretamente.
Além disso, gerencio o fechamento dos contratos com fornecedores e prestadores de serviço, faço o acompanhamento diário do cronograma da obra e controlo os gastos referentes as compras dos materiais para que não haja estouros no orçamento.
Resumindo, eu sou os olhos dos clientes na obra para certificá-los de que tudo o que está sendo executado pela construtora tem a qualidade que deveria e se o que está sendo gasto está correto.
Do seu ponto de vista, como você considera o mercado de trabalho para Engenheiros Civis atualmente?

O mercado da construção civil, por incrível que pareça, aqueceu demais durante a pandemia. Hoje, nós lidamos com um aumento super expressivo nos valores dos materiais devido a baixa produção e alta demanda. Ou seja, o mercado está buscando engenheiros, nós precisamos apenas nos tornarmos uma classe mais unida para que possamos exigir do mercado remunerações mais justas.
O desespero por uma vaga faz com que muitos aceitem salários muito abaixo do piso, o que desvaloriza o nosso trabalho. A responsabilidade de carregamos seja dentro de um escritório ou na obra, e o tempo e dinheiro que investimos na nossa formação precisa ser valorizado!
Mas somente quando formos uma classe unida, alcançaremos isso. Antes de aceitarem os salários que são oferecidos por ai, deem uma pesquisada na anuidade do CREA! Valorizem-se!
Como aluna do IFSP, qual conselho você deixaria para os alunos do Câmpus?

Aproveitem cada minuto dentro desse Câmpus! Pode parecer impossível, mas vocês vão sentir muita saudade desse manicômio! A pressão que passamos em cada final de semestre, não se compara a pressão que vão passar no mercado de trabalho.
O desespero ai dentro é compartilhado, e isso faz com que o peso fique muito mais leve. O seu chefe vai ser muito mais carrasco que o pior professor da engenharia. E no final, você vai se lembrar com muito carinho de cada professor que te transformou no engenheiro civil que você tanto sonhou em ser.
E acreditem, a formação que você está tento a oportunidade de receber no IFSP é muito boa, e é muito técnica. Cada teoria que parece ser inútil durante o processo, será a base para tudo que você for construir lá fora.

"Quero deixar um agradecimento muito especial para cada companheiro de T2 e mestre que eu tive a oportunidade de encontrar dentro do IF. Sou muito grata pelo carinho e dedicação com que me ensinaram.
Foi muito difícil, eu admito. Muitos me ouviram reclamar infinitas vezes, implorar por uns pontinhos extras, tentar explicar que eu só tinha errado aquela conta!
Algumas vezes fui testemunha de compaixão, outras nem tanto, mas quer saber? Se eu tivesse que passar tudo de novo, eu passava (menos por metálicas!). Desde que eu tivesse o mesmo time do meu lado! Valeu e valeu muito! Obrigada IF."
Nós, da Equipe de Entrevistas do IFSP, desejamos muitas outras conquistas a entrevistada e agradecemos por compartilhar suas experiências.
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